CONCRETE GENIE
Análise
Concrete Genie tem uma base bastante simples: peguem nos pinceis e pintem as paredes que encontrarem pela frente, completem os desafios e avancem. Parece simples e é, sem nunca ser aborrecido num jogo que demora entre 6 a 8 horas para ser terminado. Mas na realidade é muito mais do que isso, e tal nota-se pelo facto de ficarmos a desenhar durante muito mais tempo do que aquele que é preciso para completarmos um desafio. O fixe deste jogo é vermos até onde vai a nossa criatividade, quase sem pensarmos no que temos de fazer para avançar. Avançar é apenas a consequência de libertarmos a nossa criatividade num jogo que nos dá exactamente isso, criatividade artística, algo que sinceramente, não tenho muito.
Vamos lá olhar para a historia. O nosso personagem principal é um rapaz que sobre de bullying e que tem um pincel mágico com o qual dá vida a um dos seus desenhos, um pequeno monstro que rapidamente começamos a gostar. É uma narrativa simples, com alguns clichés principalmente nas personagens secundárias, mas que aos pouco se torna mais complexa e madura, não só pelas notícias que vamos encontrando e que aprofundam a história, mas também pelas mensagens aqui deixadas e que servem tanto para miúdos como adultos.
Agora, olhando para a jogabilidade até que ponto uma pessoa como eu, sem qualquer capacidade para desenhar, pode apreciar este jogo? Bem, porque é mesmo muito fácil. Em primeiro lugar é preciso perceber que enquanto vamos coleccionando esboços feitos pelo nosso personagem e que estão espalhados pela cidade, vamos ganhando novas opções para desenhar. Depois é só escolher, indicar o local onde queremos desenhar e já está. O resultado é excelente, até pela forma como o jogo junta os nossos desenhos de forma a ficar tudo bonito e com sentido. Para isto, muito se usa o painel de touch do comando da PS4. Na verdade, acho que é a primeira vez que ele faz mesmo sentido de existir, o que diz muito deste jogo, que consegue algo que muito poucos conseguiram.
Depois é ir pintando e avançando, sem que o jogo avalie o que pintamos. É indiferente o que pintamos, o que desenhamos, desde que esteja pintado. Quando mais pintarmos, mais áreas da cidade vamos abrir. A liberdade é total para colorirmos cada parede como quisermos. Simples, rápido e como já disse, viciante, porque mesmo depois de estar completo, eu ficava a pintar um pouco mais, a deixar mais detalhes como se fosse um viciado naquilo ou se achasse que mais alguém poderia ver o que estive a fazer. Claro que depois é só usar o modo de fotografia e partilhar com outros jogadores.
Em alguns desafios teremos de criar mais monstros, ou mais génios que é como eles se chamam. E mesmo que não precisem, podem criá-los a verem como o jogo os anima com movimentos espetaculares. Eles são a nossa companhia e faz todo o sentido estarem ao nosso lado, como se fosse os amigos imaginários do rapaz Ash que controlamos.
Depois, quando não se esperava tal coisa, o jogo transforma-se e começamos a ter algumas lutas pelo meio, o que me agradou, principalmente pela coragem que é mudar o foco principal de um jogo durante algum tempo. É verdade que as lutas nunca estão ao nível da construção artística que o oferece durante a maioria do tempo e a jogabilidade não é tão boa, mas gostei bastante de ver que o jogo também estava a evoluir para algo mais.
Mas o foco será sempre a pintura, e é incrível como fiquei mais tempo do que o necessário para avançar. O meu foco não era avançar, era melhorar o que estava a fazer. O jogo é simples e fácil, e alguns poderão não gostar de tão pouca dificuldade, mas é porque a grande dificuldade não vem do jogo, vem de nós, de fazermos sempre algo melhor, mais bonito, com mais significado. Todos os outros aspetos não são assim tão importantes. A banda sonora é boa, o trabalho de vozes é normal, mas o design e os visuais são cheios de luz e cores, principalmente na PS4 Pro.
Resumidamente, não é um jogo para todos, não irá agradar a todos, talvez seja um jogo de extremos, adorado por uns e que levará outros a fugir, mas uma coisa é certa, é um jogo diferente, original e que é uma das grandes surpresas do ano pela forma como nos agarra de forma tão fácil para fazer algo que parece tão simples mas também tão complexo.
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